sexta-feira, outubro 01, 2010

Orvalho e solidão


É orvalho que caí por sobre a folha.
Pingo d’água que ali se concentra para poetizar-me violentamente!
É sonho isso que insisto em ver como cena real.
É vento esse movimento do ar que recobre minha face e bagunça meu cabelo.
Faz uma noite linda lá fora.
Aqui da janela, um filme inteiro passa.
Já não estreia, só se repete.
É medo a causa dessa inconstância
E é por causa dele que tenho me invadido de hermetismo.
Em tentativas frustradas de confundir
De parecer disforme, eu me perdi...
E vi a noite cair nos pinguinhos daquela chuvinha fina!
E já não era uma folha que sentia seu toque,
Mas sim uma flor que se orvalhava!
Aquele orvalho era a lágrima do mundo escorrendo nos seus recantos.
Era ânsia.
Era o mundo cercando-se de si próprio
E eu ali presente a contemplar fugidio.
Toda aquela cena se perdia em mim.
Meu pensamento era egoísta demais para não priorizar minhas misérias!
E então eu vomitava as minhas dores
E as transportava para a cena principal.
No fim das contas, aquilo era só um respingo da solidão.
Do momento só.
E só.

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