sábado, julho 20, 2013

Odeio verdades

Odeio a verdade porque ela cria distâncias.
Acho que ela deveria estar sempre acompanhada por aspas.
Não vejo sentido nesses estatutos tão pueris...
Somos e pensamos diferentes, qualquer unidade é um mito ou um mero consenso.
Tem gente que acha que prova o que afirma...
Isto é no mínimo algo risível!
Insolentes!
Prefiro ser aérea a ser hipócrita.
Prefiro não ter a verdade comigo se esta for a que alguns divulgam por aí.
Sinto muito, mas aqueles que se alimentam dessa arrogância não me enganam.
Memórias fracas!
No fundo, nem são "verdadeiros"...
Seu verbo é julgar, pré-julgar.
Inútil "humanismo"!
Não se aproxime de mim, não faça nada por mim se for para para ser assim!
O que se sente ou se faz por alguém é um fato.
Há quem esqueça, mas eu não.
Odeio algumas "verdades" porque elas se concluem meras mentiras...


segunda-feira, julho 15, 2013

Gritaria

Quero uma canção destoante.
Vou cantá-la aos gritos!
Berrarei ao mundo a fúria dos meus sentimentos,
O derradeiro segundo de minha insatisfação.
Mas, desta vez preservarei meus pulsos.
Quero apenas vociferar a estranheza dos óbvios
E estender as mãos sobre os famintos de vida...
Esses versos desiguais e despadronizados são uma soma incompleta,
Uma divisão imparcial, uma multiplicação diluída, uma subtração da ordem.
O ordenamento de meus passos e sentidos.
As prisões que frequentam meu corpo e mente.
Um Eu a vagar impossível... 
Impossível negar meu amor pelas ruas e canecas de café forte...
Pelos felinos e papéis e canetas!
Pelos dias de luar, pelas vezes que partilhei de um lindo entardecer alaranjado...
Pelos livros de poesia, pelos álbuns dos meus cantores e compositores preferidos!
Pelo teu corpo junto ao meu nas noites cinzentas ou iluminadas!
Pela tua alma ardente, dilacerando o corpo no mais genuíno desejo!
Pelo gesto de nunca ser o mesmo.
De permanecer só que realmente vale à pena!
Sim, eu gritaria hoje por todas as coisas e seres que ousei sentir e amar.
Pela distância que minha voz dissonante pode alcançar.
Gritaria por mim e pelos meus, como grita agora, neste exato momento o meu interior mais bandido e límpido!
Vou ali, juntar minhas partes. Algo sobrou, algo sempre sobra: o coração. 

Isto: (in)visível

Quando eu penso na razão daquilo que vivo, beiro à loucura!
É impossível, é longínquo, é difuso!
O que é isto que eu ouso fazer fora dos gabinetes, das escavações, dos arquivos, dos projetos?
O que é isto que ouso sentir para além de fazer?!
Para mim, quase um "café filosófico"...
Um estado de alma, espírito, inconsciente freudiano...
Aquele que dá o toque final, que tudo guarda, envolve e explica...
Faço disto tudo, um acompanhar de palavras.
Palavras que revelam vivências e expectativas de vivências.
Sonhos pueris...
Planos (in)falíveis.
Gostos e ritmos.
Ataques e defesas para além de qualquer maniqueísmo.
E o que me incomoda, então?
O repasse da informação.
O saber confundido com informação...
A acumulação primitiva de informação!
Quando entenderão que isto é do campo do ser/estar?
Uma ontologia às avessas, um saborear da mutação necessária da vida!
Não... Não é o ontem que me fere a profundidade filosófica e vital disto...
É o ignorar das circunstâncias que envolvem um contato: o ontem e o hoje.
Como imãs, eles se procuram, se constroem e se destroem.
O ontem é o que não posso alcançar e o milésimo de segunda que demarca a passagem dessa escrita.
O hoje é um ontem anunciado.
Ah, o tempo! Ensina-me a romper a dor que é ver além do visível disso...

Onde ir

Não queira saber até onde vai a linha do mundo.
Não some expectativas.
Veleje: esta é a melhor forma de ir.
Não precisa saber o fim, o estar é mais importante agora.
Talvez nem haja chegada nem precipício nem pódio.
Os passos, largos ou curtos,
Os olhos presos no horizonte ou dispersos...
Tudo é um absoluto do nada!
A totalidade é a maior ilusão humana...
O nada como único viés é a pura insanidade diante das miudezas!
E o que dizer ao final de tudo isso?
Apenas caminhe.
O resto é rastro. São os dados do jogo.
Para alguuns sério, para outros tolo e tosco.