segunda-feira, julho 15, 2013

Gritaria

Quero uma canção destoante.
Vou cantá-la aos gritos!
Berrarei ao mundo a fúria dos meus sentimentos,
O derradeiro segundo de minha insatisfação.
Mas, desta vez preservarei meus pulsos.
Quero apenas vociferar a estranheza dos óbvios
E estender as mãos sobre os famintos de vida...
Esses versos desiguais e despadronizados são uma soma incompleta,
Uma divisão imparcial, uma multiplicação diluída, uma subtração da ordem.
O ordenamento de meus passos e sentidos.
As prisões que frequentam meu corpo e mente.
Um Eu a vagar impossível... 
Impossível negar meu amor pelas ruas e canecas de café forte...
Pelos felinos e papéis e canetas!
Pelos dias de luar, pelas vezes que partilhei de um lindo entardecer alaranjado...
Pelos livros de poesia, pelos álbuns dos meus cantores e compositores preferidos!
Pelo teu corpo junto ao meu nas noites cinzentas ou iluminadas!
Pela tua alma ardente, dilacerando o corpo no mais genuíno desejo!
Pelo gesto de nunca ser o mesmo.
De permanecer só que realmente vale à pena!
Sim, eu gritaria hoje por todas as coisas e seres que ousei sentir e amar.
Pela distância que minha voz dissonante pode alcançar.
Gritaria por mim e pelos meus, como grita agora, neste exato momento o meu interior mais bandido e límpido!
Vou ali, juntar minhas partes. Algo sobrou, algo sempre sobra: o coração. 

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