quinta-feira, dezembro 30, 2010

Íntimos.

Que ninguém perceba tão nitidamente além de você, mas eu tenho realmente sentido amor. Que todos possam zombar de meus famigerados sentimentalismos, menos você. Que eu te tenha ainda que brevemente entre meus braços para saudar os instantes dessa nova história nossa. Que você olhe a todos, mas se enxergue somente em mim. Que eu permaneça escapando por um tris das sombras do mundo com tua luz me guiando. Que eu seja vento para alcançar-te nas distâncias mais razoáveis. Que você entenda meus idiomas de carinho e construa comigo nossa intimidade. Que eu me prenda em você por total necessidade de ser livre. Que nada nos separe.

Alma, flores e galaxias


Vou liberar a alma para um passeio pelos jardins.
Como uma flor ela se abrirá para o mundo
E espalhará seu perfume invisível.
Sei que isso é veleidade de um falso poeta
Julgando possível esse toque do belo.
Todavia, quando uma flor se abre parece que deseja abraçar o universo!
Desmembra-se pétala por pétala por todas as galáxias.
Então imagine meteoros e estranhezas do tipo.
Imagine um novo planeta de flores.
Imagine novos corações e almas.
Não. Não imagine mais nada disso.
Agora tenha somente um minuto consigo mesmo.
Feche os olhos. Faça-os abrir como flores.
Deixe a sua alma flutuar em você mesmo.
Deixe que ela paire. Pare para senti-la.
Silencie para percebê-la.
Acalme-se para entendê-la.
Sonhe. Sonhe muito para que ela prevaleça sobre todas as coisas...

Alguma coisa nasce


Sonho serena com as dúvidas de sempre
Um amanhã menos rígido, mais cínico.
Essa minha vontade imperfeita passeia.
Ilusionismo à fina espreita. Vereda.
Céu aberto para esperar a novidade.
Sons zunindo as (in)capacidades.
O sal do mar abordando meu jeito insosso.
Universo a se repartir em suas extremidades.
Mais cenas de antigas formas de humor ácido.
E apesar de tudo alguma coisa nasce.
Sem deixar de ser disparate, faminta de absurdos.
Olhos esbugalhados. Nada faz sentido por aqui.
Só tuas cores castanhas.

Ré maior


Ré maior. Acorde de grito.
Acordo perdido.
Meu tempo é menor.
O limite é a nota maior.
Na partitura desfeita, riscos enfeitam.
Desfecho negro.
Magia da folha branca.
Vamos gritar quando o sono desaparecer
E escandalizar quando ninguém mais conseguir entender
Que esse verso decadente não foi feito por sofrer.
Ele morre porque tudo morre.
Uma hora tudo tem que morrer.
Nada sei. Vou somente viver.

sexta-feira, dezembro 24, 2010

O que preciso


Preciso que pinguinhos caíam em meu rosto,
Que escorram dos meus olhos para desaguar minhas insatisfações.
Preciso de um banho de carinho.
De uma chuva de afeto.
Preciso ser menos distante
E menos subserviente.
Preciso ser eu.
Preciso mais do que nunca de mim.
Estou num precipício erguido por tantas limitações
E eu mesma estou no meu limite de tudo.
Já não quero mais recusar dando a entender que aceito.
Estou farta de ter que ceder a tudo.
Estou farta de me ferir com meus tão sempre presentes esquecimentos.
Sempre tenho esquecido, apagado, deixado tudo de lado.
E assim, minha identidade fica para trás.
Meu espaço torna-se cada vez mais lugar nenhum.
Meu tempo é cada vez mais escasso e massacrante.
Não quero só sobreviver. Preciso viver.

Silenciando


Estou em silêncio.
Permanecerei assim.
Silencio.
Não sei se é bom ou ruim.
Vou partir, é assim que vai ser.
Vou zarpar.
Levarei meus porquês.
Por hora silenciosamente fico aqui.
Não é medo.
Só não gastarei palavras.
Tenho muitas e muitas.
As guardarei comigo
Para contar as histórias,
Para historiar a vida.
Para enfim, escrevê-la
Em suas feiúras e belezas.

Tudo é seu. Já entendi.


O dia amanheceu, eu sorria...
Eu ouvia minhas novas canções...
Até que você chegou e me fuzilou ferozmente com aquele olhar.
Seus olhos arregalaram-se
Me prenderam numa redoma de censura.
Eu me senti capturada.
Pronto. Estava feito!
Poucos segundos se passaram e as minhas canções já não tinham mais lugar
Como não tinha mais lugar nada meu ali...
Não sei por que teimo em ter certas regalias que são inquestionavelmente impossíveis...
Eu sei: essas paredes são todas suas.
Não foi o meu suor que as ergueu,
Porém atrevidamente me apossei de tudo.
Tudo que de fato é seu.
Desculpe-me.
Tudo aqui é seu.
Eu sou só um corpo estranho.
Muito estranho.
Sou eu que devo favores.
Sou eu que vivo desses favores.
Sou eu que sou assim tão ingrata e arrogante.
Sou eu que quase sempre entendo tudo errado.
Já me disseram que sou eu que não sei enxergar o seu amor.
Será tão difícil assim, demonstrá-lo?
Sim, como tudo é feito de possibilidades, há uma enorme chance de eu estar completamente equivocada
E das minhas conclusões serem extremamente inconsistentes.
Resta provar-me.

Replays


Porque tanta repugnância?
Porque tanta intolerância?
Porque isso de sentir-se majestade?
Porque uma única vez, não te assumes como pó desse chão?
Só gostaria de entender porque tanto desamor...
Tanta insensibilidade...
Tanto excesso de egoísmo.
Talvez eu nunca entenda.
Muito possivelmente nunca saberei explicar as razões que te levaram a ser e agir assim...
Não me felicito em sentir tudo que sinto agora...
Tantas cenas de nossa história me passam como flash...
Quase sempre alguém se feriu...
Quase sempre algum tempo de ignorância e tudo se repetia...
Tudo se repete.
Vários replays.
Mas, por quê?