sexta-feira, janeiro 04, 2013

Contração

Eu sei que neste exato momento seu coração está pequenino e dolorido.
Você procura os porquês, os sentidos, as reais explicações...
Sei que você tem se procurado em si mesma.
Tem lhe inquietado a inconstância, a instabilidade de certas coisas...
Seu coração se contrai. Você está triste.
Desesperançosa, talvez.
Você está sem chão, ou simplesmente desiludida.
Por todo tempo você carrega consigo suas certezas, faz das ações um espelho das palavras.
Faz das palavras e ações transparências dos seus sentimentos.
Você é o que diz, faz e sente.
Não lhe confundo com nada diferente disso.
Só não me resuma em nada muito distante de tudo isso...

Tendenciosa

Pediram-me descrição e eu só soube ser amor...
Assim é a vida: uma escolha tendenciosa.
Somos coisas e podemos nos somar a outras.
Podemos ser não aquilo que nos convier, mas o que é necessário.
Necessidade não é conveniência.
Precisamos entender do que é feito o amor.
Precisamos aprender a amar mais e melhor a cada dia.
Precisamos nos desprender de nós, de nossos egoísmos e sermos intensos em atitudes.
Palavras são importantes, mas fazem mais sentido quando acompanhadas de ações.
A cada novo momento tenho aprendido o quanto isso é verdadeiro...
O amor sabe nos dar lições de vida...

Aos Ofendículos

Um ano e tantas histórias. Vidas tramadas.
Vivências recuperadas, resignificadas, reaproximadas.
Outras, apresentadas.
Olho por olho, abraço por abraço, palavra por palavra
nos encontramos...
Sorrimos: detestamos tristezas.
Gargalhamos: coisas sérias são as melhores piadas!
Soubemos ser ombros amigos e exercer uma fraternidade de pele, corpo, alma, espírito.
Aprendemos a olhar o outro com os olhos do coração, pela transparência dos atos, pela poesia dos encontros.
Aos poucos, transformamo-nos em pontes. Fizemos de nossa amizade rotas, caminhos, porto.
Nesse nosso porto, as noites se clareiam pelo empréstimo sempre solícito da luz da lua.
O tempero das conversas faz a vida e as relações entre nós possuírem um sabor único.
São mais que afinidades, são diferenças que não nos distanciam, ao contrário, nos enriquecem.
Cada um com sua história peculiar, seu olhar sobre o mundo, a vida e as pessoas.
Cada um com disponibilidade para ouvir, abraçar, estar presente na alegria dos encontros e no contato à distância.
"As casas simpáticas e simples" de Natal são nosso cenário. Dançamos uns com os outros e o único espelho que quebramos é da ignorância do preconceito alheio.
"It's my life": repetimos no plural!
Apelidamos, brincamos, não nos repetimos. Somos sempre novos em nossos desejos e iguais no que nos une: nossa vontade de permanecermos juntos, unidos, reunidos ou não. Estamos sempre na lembrança do outro.
Fazendo mágico com objetos e palavras, encantando com nosso próprio jeito.
Nosso ofendículo impede somente o acesso a uma coisa: a insensibilidade.


Minha máquina de escrever I

A vida é uma trama insana. A busca pelo sentido é inalcançável. E disso, resulta infinita. Não suponho que se encerre no estado frio do corpo. Quero imaginá-la e vivê-la noutros lugares fora dos habituais e visíveis. Quero sentir o seu cheiro no passeio pela esperança do desejo vindouro. Custo a acreditar no que se crer por aí. Tenho atração por tudo que remete à intuição. Na verdade, há muitas coisas que não sei como fazer, como encontrar, como definir e como viver. O desafio da vida, talvez seja, portanto "discernir". Entre o fel e o mel há uma forma de sabor que não se sente na primeira degustação. É preciso insistir na prova, repeti-la.

Não há nexo entre o início e o fim nessas palavras. Mas, o excesso de nexo é sempre enjoativo. Precisamos ser loucos uma vez, para provarmos um pouco de qualquer gota de lucidez...

Depois de um ano

Tanto tempo sem vir aqui. Sem estar aqui.
Estive com saudade, mas me perdoe a ausência, eu dei uma pausa na palavra para viver.
Antes, eu só escrevia.
Escrevia o que desejava, o que sentia, o que não vivia.
Hoje eu vivo, pulso e escrevo histórias no dia-a-dia da própria vida.
Um ano depois nada mais me parece mais belo do que o primeiro sorriso da manhã do meu amor.
Calmaria... De repente me vi/senti mulher...
O cotidiano me apresentou reais responsabilidades e prazeres indescritíveis.
Eu me redefini infinita.
Abri asas e voei. Alcancei o mel da vida e do amor. Provei sabores.
Foi rico. Senti-me rica, poderosa pela primeira vez.
Estou renascendo a cada dia. Como uma criança estou aprendendo a andar com as próprias pernas.
Estou tentando viver coisas verdadeiras e não somente escrevê-las como dantes.
Hoje vejo como cair nem sempre é estar/ficar no chão.
Ou talvez, o chão nem seja o lugar da queda.
Ou mesmo, a queda não seja algo ruim.
Ser imperfeita é ser melhor. Esta é uma possível indefinição.
Sei que há muito a aprender, a estrada é longa, o tempo é uma eternidade de momentos.
Contudo, para quê tanta pressa?
Para quê esse tanto de coisas absolutas?
Tanta coisa aconteceu, tanta coisa mudou e estamos firmes na nossa busca por nós.
Eu nunca quis tanto querer sempre mais do quase ninguém querer como hoje quero!
Estou saudável. Quase tudo já não dói tanto.
Somos dois corpos num só e nos demos nossas mãos no passeio da vida.
Não estamos sóis. Nem por fora, nem por dentro.

Aos poucos


Aos poucos você vai perceber: nossos mundos não são tão diferentes.
Ou melhor, nossa diferença não nos pode distanciar...
Aos poucos você me sentirá menos inconstante, menos instável, menos omissa...
Aos poucos você e eu estamos construindo um "nós".
Aos poucos somos um nó: forte e verdadeiro.
Aos poucos haverá pouca pressa e cada momento se desenhará melhor definido.
Pouco é o medo.
Farto é o amor.
Não temo teus olhos curiosos e ávidos de mim.
Não queira sentir, de repente, menos do que realmente sente.
Eu sinto. Tu sente. Sentimos.
Somos o que não explicamos. Na verdade, somos o que não se pode explicar.
Somos.