quinta-feira, dezembro 01, 2011

Vou seguir a flor

Por hoje parei.
Vou dormir.
Deixa a vida correr.
Deixe que vá seguir.
Minha estrada é minha e de tantos outros.
Minha luta é sina, é amor e sonho,
É a alma e o corpo.
É o tom e a voz, a frequência.
Não me ensine, não me estude.
Não me convenha.
Sou um pedaço só, um pouco do pó, a laço, o nó,
O lá e o dó.
Vou seguir a flor.
Seu cheiro, sua cor.

Samba e imaginação

Eu fiz um samba de saudade da outra metade
Eu fiz um samba com o teu amor contornando cada acorde
E neste samba eu sambo menos e imagino muito mais
Do que seria o teu rosto junto ao meu agora aqui neste lugar!
Eu que não vento e que causo ventanias por onde passo...
Eu que não entendo as canções, os sons modernos
Que não vivi nas outroras, nos pretéritos
Aprendi a fazer meu próprio carnaval...
E saí pela cidade a procurar luares e estrelas,
De manhã as borboletas me abordarão
Para lembrar-me que a vida é uma janela
Pela porta só deixo você entrar.

Vocês

Eu gosto quando vocês estão bem.
Fico feliz quando estão em paz,
Quando se entendem,
Quando se enamoram.
Gosto quando se juntam num só sentimento.
Quando se cuidam, quando são mútuos.
Não é que eu admire e torça pela solidariedade entre vocês,
Não é isso...
É que para mim, o que os une é um amor humano.
É mais que vivência... É consistência.
É paixão pela vida.
É desejo infinito do outro.
E quando se desentendem, sobra dor.
E quando se recuperam sobra amor!
Gosto de vocês comigo, nessa valsa da vida...
Onde nunca será absurdo amar sem medida!

Estação

Seguro-me em teus braços.
Deito a vida ao teu lado.
Face a face.
É fácil entender tua calma.
Pois repousas no infinito.
És meu anjo.
Infiel ao mundo por mim.
Permita-me procurar a vida em teu olhar.
Horizontes se revelam.
Tua luz é meu farol, meu sol.
Prender-te em minha sincera entrega.
Sou a tua única estação.
A tua última.
Assim seja.
Assim persista.
Assim caminhemos.

Venenos

Optei por não replicar venenos destilados por aí.
Afinal de contas, são só venenos.
Nem todo veneno mata
E o que "mata" o veneno é o ato de ignorá-lo.
Destilam... Destilam... A meta é o inatingível.
Meta fadada ao fracasso.
Então, resta viver
Já que atingir é um verbo que não cabe em minha procura.
Minha imperfeição está denunciada, de corpo e alma.
Não possuo a sabedoria de não saber ouvir e nem reconhecer um erro.
Pois, se assim for, permanecerei imaturo.

Sua "terra" longe

A terra está tão longe...
A história está insone...
Meu fascínio rompeu,
Meu olhar se desfez.
É estranha essa forma de olhar o mundo
De repente sinto a violência dos sonhos
A violência da vida...
Dispara mais que o peito apaixonado.
Degusta mais os sabores desconhecidos.
Lamúria... Sim, mas no plural.
Donos de metades, apenas metades.
Aos poucos, falhando, entendo o ritmo, o compasso.
Com passos largos ampliando os buracos, ainda que rasos.
A terra está tão longe que eu nem sei voltar para aquele absurdo que é onde você repousa sua verdade.
A terra está tão longe que suas notícias não me atingem.
Tudo que construímos parece tão superficial que nem sei se um dia existiu.
Mas estamos vivos, lamentando não a distância, mas a liberdade de já não nos prendermos.
Que a clareza nos ampare, ferindo, mas nos abra para nós mesmos.