domingo, janeiro 26, 2014

Agora

Se seu coração bate tranquilo, então não há nada de mais.
A lua tem seus dias para morar no céu, depois ela segue seu passeio no universo.
Tudo está na ordem do amor: belo e assombroso dentro de sua habitual simplicidade.
Você muitas vezes não sente a vida porque ela é um estado de ser sereno e implícito.
Poucos percebem isto a ponto de sentir e por tal motivo, a maioria somente "existe".
Que nós sintamos tudo isso à flor da pele.

domingo, janeiro 05, 2014

Mal não me queira

A minha calma há de fazer falta.
A minha alegria já é saudosa.
A minha verdade, agora, poucos têm.
Eu ando por aqui contando estrelas e irradiando meus sentimentos.
Que me desculpem os pobres de espírito, mas eu permaneço exatamente igual a dantes: "leve".
Sou leve por excelência e por condição mesma de o ser.
Não sei ser qualquer coisa diferente disso.
Eu não teimo no que sou/estou.
Sou bem isso que estou: leveza de alma.
Sou alguém que fala riscando palavras e versos.
Eles não precisam rimar...
Sou alguém que lança a voz no infinito para entoar um canto de paz.
Eu não temo o julgamento.
Não trato a vida como um tribunal.
Meu coração não é um barco encalhado na costa...
Eu não vivo a amargura de não conseguir ser quem sou.
Eu não vivo a dúvida de não saber quem sou.
Eu tenho excesso de consciência de mim mesma.
Eu não grito, eu não preciso disso.
Dispenso grosserias; irei dispensá-las sempre que preciso for.
Para cada agressão verbal, física ou sentimental eu respondo com um sorriso e devolvo com sensatez.
Não perderei minha essência por banalidades.
Eu não praguejo nem faço votos de desgraça a quem me é alheio.
Eu desejo aqueles que vibram negativamente sobre mim muito amor para se refazerem de tanta mágoa...
Não fica bem, "pessoas de bem", desejarem tanto "mal".

Flutuei

Ventos serenos me tocam levemente o rosto.
Lá fora está nublado, gosto desse clima.
Observo a passagem das nuvens suavemente no céu e concluo:
Quantas coisas refletimos num simples instante de contemplação!
Eu deveria aproveitar mais horas fazendo isso, é libertador!
Inspiro esse azul e branco do céu com esses restos de dunas e sua típica vegetação ao redor.
Esse ar puro me transcende...
Concebo-o como àquela bela oportunidade de me desprender do corpo.
Fecho os olhos e minh'alma flutua...
Desvio-me da espuma dos pensamentos e esqueço as palavras cotidianas.
O silêncio torna-se incontrolavelmente minha poesia...
Voei. Fui mais alto. Flutuei.
Foi bom. É bom.
Será sempre maravilhoso despertar de estar aqui neste lugar insólito que se chama: "mundo racional e real".

terça-feira, dezembro 31, 2013

Ciclo

Quanta coisa a gente aprendeu neste ciclo.
O que foi bom cultivaremos, o que não foi nos servirá de aprendizado.
Cada vez mais respiro uma liberdade que nunca tive.
O sabor da vida encosta cada vez mais leve em minha boca.
A melhor coisa de "desparecer" é olhar para si mesmo uma vez sequer...
Quantas pessoas descobrimos e quantas novidades nos foi possível viver?
Ah! Tantas...
E as velhas novas coisas e questões?
Estas existem e sempre existirão.
Ninguém recolhe pedras do caminho, apenas as transformamos.
O poder de resignificá-las destoa seu sentido oculto e lhe dá novo lugar na estrada.
Estar de mãos dadas com o amor me abriu os olhos para a vida.
Agora eu a vivo sem medo e mais do a qualquer um, eu sei que tenho a mim.
Isto não é um tratado individualista.
É um aprendizado que nos últimos anos se condensa incansavelmente.

sábado, dezembro 28, 2013

Tratado de economia

Eu vivo uma economia de palavras.
Limito-as somente à algumas pessoas.
Só observo a publicação dos sentimentos - inventados ou não.
Duas ou três palavras somadas, já formam uma ideia.
Alguns se "restringem", outros se camuflam.
Prefiro economizar palavras, repito.
E não, sentimentos!
Estes, eu sinto à vontade.


Zelo

Eu gosto é dessa sua simplicidade, da sua mente veloz e do seu jeito agregador.
Eu gosto dos seus lábios macios e sua voz dengosa.
Eu gosto até do seu "leve" mau humor irônico e deslizante...
Aquele que não se demora quando faço uma piada...
Eu gosto dessa nossa verdade límpida e inconteste.
Seja como for, a vida é breve e nos avassala.
Você, com sua personalidade leonina, me avisa:
"Não esqueça de esquecer tudo que não vale à pena
e veja sentido apenas naquilo que realmente o tem".

Sem mais. Não há poeira naquilo que zelamos.

Esconderijo

Se você quiser um rio, pode navegar em mim.
Se tiver medo, pode esconder-se no meu abraço.
Se tiver sede, beije-me.
Se quiser fugir, leve-me contigo.
Vamos dar um tempo por aqui.
O cotidiano pesa e alma é leve, quer voar.
Ter a consciência de que tenho as linhas do teu rosto de frente para mim quando desperto cedo pela manhã é um alívio e um estímulo.
Vamos cantar.
O vento nos trará novas formas de sentir e o afeto nos afetará.
O amor não existe, ele persiste.
A consciência de persistir é o que o mantém vivo.
E assim, nos mantemos nele e ele em nós para que naveguemos, não tenhamos medo e matemos nossa sede.
Não precisamos fugir, já estamos um no outro.
Temos nosso próprio esconderijo.

quarta-feira, dezembro 25, 2013

Que mundo é este?

Não demore, more comigo.
Não chore, comemore.
Vamos comer o mundo, baby!
Degluti-lo. Infiltrar-mo-nos nele.
Digeri-lo, mastigando-o lentamente.
Destruindo-o, aos poucos.
Vamos criar um outro mundo.
Um novo mundo.
Um mundo de um novo jeito.
Um jeito novo de dominá-lo, vivê-lo, sê-lo.
Vamos ser metade a metade a verdade singular desse mundo.
Não decore, encare isso como um corte.
Devore-me. Funde um latifúndio em mim.
Tome posse, despossua qualquer coisa nesse mundo.
Faça de mim, a sua nova possessão.
O seu novo mundo.
Use e abuse. Comande sem medidas.

Uma família

O que temos para o jantar?
Frango com batatas e algumas lembranças.
Àquelas de quando éramos só uma ideia.
Àquelas de quando éramos só um sentimento nutrido pela distância.
Àquelas de quando éramos só palavras.
Àquelas de quando éramos um desejo, uma ânsia, uma vontade ou mesmo um sonho.
O que temos para os próximos dias?
Uma só vida, num só tempo, numa mesma frequência.
Uma gana de continuar tudo o que iniciamos.
A permanente luta para não nos esquecermos por um minuto sequer.
Poucos entendem a poesia desse cálculo, mas quem falou que precisam entendê-lo?
Apenas a nós isto tudo interessa.
Um lar: foi isto que erguemos, aos poucos, num mar de desconfiança alheia.
Ignorando as razões dos outros, construímos a nossa própria lógica: somos uma família.

Vamos

Meu pensamento branco me isola e se isola em automático.
Que eu convalesça.
Que eu pene nas trilhas desconhecidas do mundo.
Que eu tenha a chance de sentir na pele os efeitos de tudo isso.
De tudo que crio, invento, pacifico.
Que eu me destrua num ato violento no seio dos dizeres mais profundos!
Que eu corra em alta velocidade e esbarre numa imagem minha em alto relevo...
Meu rosto branco amarelado e vilão se esfacelará.
Quero me colorir de vermelho púrpura.
Partir quebrando-me, sentindo a dor de minhas ideias e a fúria que elas provocam.
Vamos todos morrer dessas nossas entediantes diferenças.
Vamos substituir padrões e impor novos modelos.
Vamos assumir o que somos sem ter qualquer vergonha e encarcerar os promotores dessa histórica perseguição.
Vamos acorrentar os verdadeiros culpados.
Vamos fingir que somos o que não somos para passarmos melhor.
Vamos forjar novas perfeições.
Vamos instituir novos exércitos de certezas e punir aqueles que romperem a "nova ordem".
Vamos, vamos, vamos!
Temos pressa em confundir as identidades!
Confusas, elas cederão mais rapidamente.

Pensei que estávamos querendo a mesma coisa, mas não, a maioria quer somente um choque - momentâneo e irresponsável.

Realidade inventada

Eu vou escrever sobre o que vejo.
Eu vejo por dentro do corpo.
Eu vejo um rio onde há sangue correndo.
Eu vejo superfície onde há pele.
Eu vejo terra onde vêem a carne humana.
Eu vejo em nós o planeta.
Nos meus olhos verdes-castanhos vejo as cores da floresta.
Nas palmas de minhas mãos, vejo estradas e mais estradas.
Eu meus pelos, a mata rasteira ou fechada.
Em minha cabeça o centro do mundo: os meus pensamentos.
Lá, que eu me abandone e descanse.
Um dia eu sei que o pensamento não será mais aflitivo.
Mas, quando assim deixar de ser, sei que já não estarei aqui nos braços dessa realidade inventada.

Heróis e futuros

Meus heróis, empurrei-os numa gaveta velha.
Quero que durmam lá por um bom tempo.
Que morram. Que emudeçam.
Saibam: não os estou guardando!
Ao contrário, é só uma forma de exorcizá-los!
Basta! Basta de tantos idólatras!
De tanta ânsia para que o outro conserte sua vida e sua realidade...
Há uma preguiça generalizada por aí.
Grita o mundo, geme a criança com fome, solta a voz o artista pop,
Rosna o juiz, mente o líder político, some a promessa.
Um céu cinza com uma lua branca e sem brilho, esta imagem amedronta nosso futuro.

Eles postam

Eles postam desejos, eu não sei se verdadeiros.
Eles postam pistas, eu me desvio delas.
Eles postam críticas, nem sempre acho dignas.
Eles postam solidão, muitas vezes sem razão.

Eles não temem parecer ridículos.
Eles mal usam vírgulas em seus grifos...

Eles atualizam o perfil enquanto ouço um velho vinil.
Eles curtem fotos enquanto eu solto fogos.
Eles comentam status enquanto olho do lado.
Eles compartilham ideias que nem sempre concordam....

Eles engolem palavras e maquilam sentimentos.
É uma face, um livro, uma (i)realidade.

Feliz Natal em fins de 2013

Há 2013 anos, no mais profundo deste calendário imaginário alguém ou alguma ideia irrompeu sobre o mundo de maneira devastadora. Ainda não sabemos sua cor e nem os detalhes mais precisos de sua história... Sabemos apenas, que nasceu em um cenário inusitado e emprestou aos corações algo de esperança e ventania. Foi Jesus? Não sei. Não domino seu nome nem sua história. Não sei de onde veio nem para onde vai, ainda não o alcancei por meio de uma fé cristalina e inabalável. Sou um tanto cética e, para piorar, sou transgressão...
Hoje na sala, está montada uma árvore na forma de um pinheiro, repleta de enfeites e presentes embalados ao seu redor. Hoje, haverá uma ceia com panetones, rocamboles, perus, vinho dentre outros. É uma forma de celebrar, confraternizar. Há, inclusive um velhinho oriundo do mais gélido leste europeu pairando pelos trópicos brasileiros para nos lembrar quão válidos são uns belos goles de coca-cola neste calor avassalador...
Como assim? Não falávamos de Jesus, o menino salvador, o messias cristão? Em tempos de Noel, meus caros, Jesus é coadjuvante. Não, que eu ame as religiões e suas ortodoxias, seus dogmas e suas histórias com roteiros tão escapatórios, mas o espírito natalino - aquele que preza pela partilha e festejo da renovação de esperanças por um novo mundo/ano - transformou-se num oportuno encontro com as compras e seus significados pueris.
O que valerá à pena, quando a alma não for pequena? - parafraseando Fernando Pessoa.
Saberei menos responder do que indagar. Que o espírito, os presentes ou o simples gesto de estar com quem se ama possa valer a pena. O valor, neste caso é um sentido. Apenas.


Feliz Natal.

Os humanos e suas certezas

Os humanos e suas certezas tão quebráveis quanto os vidros da janela!...
O que fazer diante desse impasse?
Quis somente dizer que para sentir essa "certeza" é preciso tê-la em algum lugar que não seja esse hoje mutável. Tudo muda, até a sua ideia mais "intocável".

quarta-feira, outubro 02, 2013

O que é?

Uma sensação qualquer e uma música triste.
As ondas dela vão te levando...
Você se transporta.
Não sabe onde está.
Não precisa saber quem é.
Não se encerra de onde vem.
Não é um ontem-amanhã.
É um hoje.
O que você sente agora?
Não há porque dizer.
Quero somente sentir.
As vezes quero só silêncio e só.

Triste parecer?

Quem tem a verdade não a grita,
Simplesmente vive.
Se bem que esta não é uma questão de possuir.
Não temos nada nessa vida a não ser a ilusão mesma de supor que tenhamos algo.
Leve contradição.
Mas, nós somos nossa própria prisão.
O que nos prende é a intenção de um conceito fixo de nós.
É uma pena, seres constantes, mas a realidade é que somos móveis...

domingo, agosto 25, 2013

No bar

Não é uma questão de omitir, mas de fingir.
Finja que gosta de brócolis, quiabo e fibras.
Derrame sua cerveja sobre essa falsidade.
Arme seu novo plano. Execute-o.
A cada gole amargo da espuma,se perca.
Não finja que engole enquanto o outro perde a razão.
No bar a vida alheia é trama, narrativa, resenha.
Na vida em si, cada um guarda a sua verdade interna.
Vidros são quebráveis.
Interesses podem ser descortinados.
E se te descobrirem? O que você vai fazer?
O que você faria se não pudesse ser o que deseja?
Forjaria sorrateiramente que seria?
A cada gestinho inocente percebo uma fagulha para incendiar o outro.
Minúcias.
Só os raros podem ver. As regras são retilíneas.
Não se enxergam fora disso.
Na mesa de um bar pode se descobrir muita coisa, inclusive nada!

A arte de massagear

Tem gente que acha que possui a tudo em questão de segundos.
Tem gente que forja com extrema rapidez uma suposta "identificação".
Eu tendo dó de gente que pensa que pode e sabe tudo.
Alma... Ah, queime a alma e o corpo!
Que significados inventados de momento são estes!
Não me engano e nem absorvo por tão pouco.
Teimo.
A verdade é que somos todos, no fundo, bem no fundo, os mais despossuídos dos seres.
Toda a nossa urgência de ser alguma coisa e de mostrar isso aos outros escapa quando nos vamos.
Um dia seremos somente pó assim como tudo que vier a se saber sobre nós.
Essas máscaras hão de cair.
E os bobos hão de sofrer.
Caíram no papo, na conversa mole daqueles que lapidam e massageiam egos por conveniência.
Guarde o que pensa, eu perdoo... Mas, não ouse concordar o que lhe enoja para agradar.
Isto sim é verdadeiramente nojento!