sexta-feira, outubro 01, 2010

Gritos


Teus gritos! Quero os teus gritos!
Quero teus sons, seus gemidos...
Seus delírios ao pé do ouvido...
Quero teu riso não tão breve e nem indeciso.
Quero dividir contigo essa metade incerta do meu caminho.
Quero a passagem das horas contempladas diante da natureza dos teus olhares.
E soprar-te as letras das canções que juntos cantamos
Para que assim não mais te esqueças de nossas cumplicidades
De nossas formas de sentirmo-nos em presença constante ainda que distante.
Quero encantar-te com aquela minha forma de sorrir da qual tanto te agradas!
E preparar-te aquele café forte em meio às possíveis noites congelantes
Para aquecer-te o hálito e os lábios
A interioridade de teus sabores...
Quero provar-te daquelas maneiras que te desmancham...
E conservar-me na temperatura do teu corpo
Diluindo as dores, abrigando-me dos desprazeres da inadequação.
Ah! Quantas coisas desejo viver sentindo agora!
Quantas palavras me são completamente inúteis nesse momento para definir-me diante de ti...
Contudo, posso tentar resumir:
Olhas, tu que estais aí no outro lado da porta,
Deixe-me uma vez ao menos viver a sensação de reconhecer-me em ti!
E entrego-me, em silêncio, para gritar dentro de ti.

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