terça-feira, outubro 19, 2010

Para não dizer que não falei das dores...

Hoje eu ouço a hipocrisia escorrer nos discursos
E a vida e solidariedade serem progressivamente questionadas.
Hoje eu vejo a fome correr pelas calçadas, viadultos e praças.
É indescritível isso de perceber a dor da fome estourando no frágil estômago de crianças...
É duro ver a miséria ser o chão onde elas pisam
E um futuro diferente disso só sobrevoá-las, sem de fato, alcançá-las.
Dói o descaso desse indidualismo estanque que nos permite esquecer a desgraça que acomete nosso semelhante.
Fere, a forma como nossos irmãos humanos escravizam e desdenham uns dos outros.
Tudo isso compõe essa minha cena de lamento...
Essa mágoa que guardo de mim mesma e do mundo.
Indigno é todo aquele que ignora esta caótica realidade...
Insano e egoísta é quem vive fingindo que nada nisto existe ou nos afeta.
Todavia, uma hora a dor do mundo lhe afetará.
De um modo ou de outro, tu te dissolverás na mesma terra batida e te misturarás a mesma poeira que a envolve.
Tu e aquela criança que de fome foi assassinada, se transformarão no mesmo pó.
Espero que de fato as almas permaneçam e que haja lugares para abrigá-las.
Espero ainda que o Deus e os deuses tenham piedade e misericórdia da tua omissão.
Misericórdia que não tivestes pelos teus semelhantes.

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