domingo, março 14, 2010

Súplica

Meu amigo poeta,
Vem até mim ensinar-me a transformar teus versos em canto...
Vem atém mim habitar-me de encanto...
Que eu já vivo a angústia permanente desse bem-querer fraturado...
Meu amigo poeta,
Me conduz ao céu azul em aquarela mágica...
Me liberta desse sentimento que me maltrata...
Renova minha existência ameaçada...
Não liquido... não consigo liquidar essa dor...
Nem a tinta, nem o papel, nem o pensamento subtrai esse degredo...
E como me dói constatar que não há como fugir...
Que levarei um tempo longo na demanda de esquecer tudo isso...
De superar...
Mas quem disse que eu tenho controle sobre querer superar?
Ah, meu caro amigo poeta,
Eu louvo os teus versos...
Eu louvo o teu ofício...
Minha história tão cotidiana como um café frio não rende versos belos...
Essa dor que agora vivo não consegue sair de mim...
Não quer sair de mim...
Antes fosse a dor de ter tudo imaginado!
O que me perturba é a dor de ter vivido...
Ah, e porque fui sentir teu cheiro?
Porque me iludi com seu olhar sobre o mundo?
Porque não zarpei?
Simplesmente porque não havia um barco...
Tão somente porque eu construi meu naufrágio descontrolado...

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