domingo, março 14, 2010

Entre o mar, o sangue e o circo

O que eu sinto é bem maior do que eu...
É como uma onda quebrando minhas pernas...
E eu nem sei porque tudo me sugere uma metáfora marítima...
Eu não sei porque o mar me reflete todo esse exílio de mim...
E ao mesmo tempo o meu encontro com a minha própria dor...
A dor de nada ser...
De não reagir..
Enquanto isso, no corpo alado a ferida ressurge aberta...
Arde em mim...
Dentro de mim...
É como um veneno percorrendo o corpo...
O sangue é atiçado e ao mesmo tempo anestesiado...
O sangue pulsa numa fração temporal diferente...
E é por isso que hoje ele substitue o mar nos pensamentos...
Exatamente porque ele traduz em imagens projetadas pela mente o real desespero que eu vivo...
O real vício que torna me lânguida...
Sangue...
Sangue vermelho vivo...
Porque vivo é esse sentimento doloroso..
Que tem me rendido alguns versos em louvor a uma angústia purgante...
E assim, eu vou até o balcão e respingo café numa velha xícara...
É uma tentativa de encontrar antídotos...
Inútil cenário...
Inúteis atitudes...
Palhaçada... Palhaço de mim mesmo eu sou!
E como se a vida fosse um circo velho e entristecido, eu armo espetáculos desastrosos...
E o respeitável público sai satisfeito pela minha desgraça...
Pela ausência de comédia...
Pela presença da real tragédia sentimental que se abate dantes sobre mim...
Tragédia que enceno...
Para que todos olhem para si próprios e reflitam acerca do exemplo do que é ser e estar humilhado pelo que se sente...
E assim a vida segue...
Entre o mar, o sangue e o circo.

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