domingo, março 14, 2010

Ausência de mim

Ah... antes fosse qualquer pingo de alguma coisa!
Antes fosse um olhar perdido que no meu aportasse...
Poderia ser sem intenção... Por puro deslize...
Mas não... não há mais chance alguma...
Tudo está perdido...
Tudo se partiu ao meio em definitivo...
E eu me encontro aqui no caos delirante que me invade...
Pobre verso...
Pobre pretensão de verso!
Os poetas devem estar a rir... a rir demasiadamente...
Mas que tragédia sentimental é esta que me abate?
Porque eu não consigo me levantar?
Porque o meu pensamento vive disperso...
Porque ao final da tarde ele sempre repousa sobre suas lembranças?
As lembranças que tenho de ti...
Ah!... Que sensação injusta me percorre...
Eu não consigo reagir...
E toda essa impossibilidade está me censurando o direito da vida...
O direito de me manter viva...
Estou mastigando tudo isso que me retorna silenciosamente...
Ninguém sabe o que em mim se passa apesar de qualquer indício que respingue...
Ninguém tem a dimensão exata do que em mim causa esse calafrio esquizofrênico...
Eu não imaginava que fosse tão febril confessar...
Ninguém pode me entender...
Ninguém pode me ajudar...
A chuva corre lá fora cavando poçinhos na rua descampada...
E há tanta nostalgia dentro de mim...
Há tanta saudade...
Saudade do cheiro ...
Do cheiro de desejo...
Sensações que se perderam...
Mas que teimam em maltratar-me na memória...
Eu necessito de uma amnésia qualquer...
Daquelas que me faça renascer...
Renascer como a fênix das cinzas que tão somente tem me feito pó...
Pó de qualquer coisa... de qualquer batimento cardíaco...
De qualquer coisa que comprove: eu ainda estou viva!

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