quarta-feira, maio 19, 2010

Uma noite desastrosa

Roa as unhas, minha querida! Retire todo o esmalte rubro com o qual você as pintou... Depois que suas unhas estiverem despidas da elegância do mundo, tenha cuidado para que não quebrem, não criem capas, duplas peles. Retire também com aquela loção barata e ineficiente o resto de maquiagem que escorre borrando seu rosto. Você que vem de um desastroso jantar à luz de velas que só estava programado na sua cabeça não sabe como afastar a decepção não é mesmo? Mas ele te avisou que não traçasse planos, não esquematizasse o futuro, não alugasse um apartamento e nem providenciasse um enxoval... Isso é costume de outrora. Mas um costume permanece ardente: a dor de ter sido descartada. Que fluxo de mágoas se emaranham em você agora... Seu vestido de cetim, seu salto quase quinze, nada adiantou... A mesa dele já estava enfeitada com outra companhia. Os olhos dela eram azuis cor de piscina e os seus castanhos comuns... Afinal, seria inevitável uma comparação... Tudo lhe partiu naquele dia. Sua carência de uma vida toda. Seu desejo de encontrar alguém. Sua vontade de amor... E então agora só lhe resta o esmalte e a maquiagem. Retire esses pedaços do desencontro. Com a face e as unhas limpas, volte a pintá-las com a cor do desejo. Uma hora, ele te retornará. Acredite: a vida não acaba numa cena. Ela tem tantos capítulos!

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