sábado, maio 29, 2010

Dispersa

Tenho um vocabulário pobre e dedos mergulhados em agonias latejantes. 
Tenho dores em todo o corpo e talvez doses alegrias para diminuí-las... 
Componho versos mal feitos, prontos para serem ignorados, escritos à zero hora de um dia incomum, guardados nos guardanapos manchados por gotas de vinho e borrados pelo batom encarnado... 
Não há como não viver dilacerado, não há como negar o risco de tudo sentir aglomerado em si... 
Logo, escrever não é um compromisso assumido com qualquer espécie de arte ou expressão artística... 
Escrever é escape quando poderia ser (re)pouso.
Escrever tem sido a razão de dias e noites e não escrever deixa tudo mais sóbrio e incolor. 
Dizer... Ah, como tenho tanta coisa a dizer! 
Por isso me perco, sou substância que evapora fácil e o vácuo no lugar da palavra é sintoma da soma de tudo. 
A imaginação não me falha, a inspiração não me foge, é simplesmente a calma que não está em mim e toda impossibilidade de agora alcançá-la é o que me torna tão drasticamente dispersa...

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