quarta-feira, maio 19, 2010

Absorver




Quanta coisa me absorve neste instante! Quanta dor se reparte dentro de mim, mastigando as horas, ladrilhando a expressão que corre a face. Tantas vezes eu quis somente o sono dos mortais, aquele momento de fugir inconscientemente do mundo! Mas eu permanecia acordada, desperta, atenta a perder os preciosos pingos de tempo que são tão valiosos para outras pessoas... Lá, deitada na cama, mas sem pregar o olho eu gastava a imaginação. Eu desdenhava das ocupações... Eu permanecia ócio em carne e osso. Meu talento mais cortante? Ignorar tudo aquilo que é básico e fundamental para a grande maioria dos seres. Lavando o rosto, tomando o justo e necessário café, despenteando o cabelo cacho a cacho, eu me encontrava com a minha miséria e ao mesmo tempo com toda a minha grandeza... Suspirava... Pensava... Pensava... Suspirava... Mas já nada desejava. O desejo de algo, o desejo de ser, o desejo de vir-a-ser é muito ilusório... Logo, não foi grande esforço abandoná-lo... Porque abandono tudo o que não me causa paixão no ínterim em que assim se demonstrar para mim... É tanta coisa que nos absorve nessa vida! É tanta ânsia de absorver tudo para que assim se absorva a si próprio mesmo que ficticiamente... Então que toda absorção seja de (des)utilidade pública!...

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