terça-feira, setembro 14, 2010

Sermos...


Ser o mar, ser o chão...
Ser a gota, a poeira...
Ser tanto em mim quanto em ti...
Sermos uma canção para não somente parecermos.
Sermos tudo sentindo.
Sermos tudo fugindo, sorrindo...
Sermos nós nos lençóis...
Sermos nós nas lareiras...
Nos veleiros...
Nos moinhos...
Sermos sem crer em destinos...
Em previsíveis caminhos...
Sermos o que nos basta ser...
Em nós rastros e um nó...
Uma cola descolante...
Descolados tão ligados!
Tão distantes, tão próximos.
Seremos nós o que a vida quiser que sejamos.
Seremos nós o que tu quiseres conter e provocar.
Já somos som, já somamos em nossa diferença.
Já destoamos as sentenças.
Já descremos das descrenças.
Já não sabemos dizer das utopias e dos riscos.
Somos fogo se espalhando porque há ventania levando...
Somos primeira pessoa do plural
Em conjugações verbais tão adversas...
Somos o próprio verbo entre a fala e a matéria.
Somos a poesia dessa língua melancólica e ao mesmo tempo desejosa.
Somos entre falas e silêncios todas as possibilidades do que podemos ser.

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